quinta-feira, 3 de setembro de 2020

No mercado financeiro a escolha do consumidor esta condicionada a sua condição natural de incertezas. Por definição, segundo Jorion(2003), a incerteza de um investimento é entendida como a possibilidade do resultado se afastar do esperado, ou seja, o Risco de se perder valores. Geralmente, em finanças, trata-se a palavra risco como relacionada ao risco de mercado, ou seja, pode ocorrer mudanças nas taxas de mercados, de preços dos ativos ou de uma carteira, com relação ao seu valor inicial.                                                 

Os estudos no campo da microeconomia reforçam a compreensão do desempenho do consumidor em relação as suas preferências, restrições orçamentárias e escolhas sob incerteza.  Além do indivíduo se deparar com o conjunto de oportunidades derivado de sua restrição orçamentária, restrição esta que representa as limitações ao consumo de diferentes bens devido à quantidade limitada de renda que possui, ele ainda se depara com a escolha intertemporal entre consumir toda sua renda ou poupar parte para ser consumida no futuro, trocando consumo presente por consumo futuro. (VARIAN, 2003).

A escolha dos ativos por parte do consumidor, agora denominado de investidor, depende de seu perfil, conservador ou agressivo. O investidor avesso ao risco possui uma função de utilidade côncava e sua inclinação torna-se cada vez mais plana à medida que a riqueza aumenta. O investidor propenso ao risco possui uma função de utilidade convexa e sua inclinação torna-se cada vez mais íngreme à medida que a riqueza aumenta. 

A partir da teoria microeconômica, Fama e McBeth (1973), consideram, em seus estudos, a racionalidade dos investidores, aversão ao risco, aceitando taxas mais elevadas de risco apenas se o retorno esperado também for elevado e a eficiência do mercado e a informação simétrica. 

No campo dos investimentos, o maior grau de utilidade do indivíduo é representado pelo maior retorno do ativo a partir de um dado nível de risco. O retorno pode ser caracterizado como um ganho ou uma perda sofrida por um dado investimento feito anteriormente, mais conhecido em finanças como prêmio pelo risco.

Já, de acordo cm Markowitz (1952), pode-se utilizar instrumentos estatísticos par definição de riscos.  O cálculo da média dos retornos do ativo representa seu o valor esperado e o desvio padrão, que indica a dispersão em torno da média, representando o nível de risco do ativo, quanto maior a dispersão em torno da média, maior o risco o ativo apresenta.  


Dessa forma, a carteira da Sala de Ações denominada Risco e Retorno tem o objetivo de selecionar os ativos que apresentam consonância com a teoria maior risco maior retorno, afim de testar o desempenho dos ativos negociados que possuem na carteira maior grau de risco e maior retorno esperado. A análise é realizada para as 25 empresas selecionadas na carteira fundamentalista da Sala de Ações, definidas de acordo com o método de investimento de Benjamin Graham, que contempla uma seleção setorial (Energia, Básicos, Imobiliário, Transportes e Consumo).

A escolha dos ativos ocorre respeitando os seguintes critérios, a partir do conjunto de empresas, semanalmente, utilizando média e o coeficiente de variação como medida de valor esperado e risco, respectivamente, a partir de uma amostra de 60 observações, são selecionadas as empresas de cada setor que apresentaram valores elevados no coeficiente de variação e na média de seus retornos, respeitando a teoria de maior risco maior retorno. 


Após essa análise nos seus valores estatísticos os ativos selecionados passam pelo filtro da análise técnica, fazendo parte da carteira apenas os ativos que apresentam em seus gráficos uma tendência de alta. Para essa análise são utilizadas as médias móveis dos ativos, verificação do volume confirmando a tendência e o uso das bandas de Bollinger, que fornecem um parâmetro de retração ou expansão do mercado.

A carteira é reposicionada semanalmente, operando no sentido comprado na segunda-feira e operando no sentido vendido na sexta-feira, de acordo com a mudança nos valores de risco e valor esperado das empresas, com a rentabilidade da carteira sendo acumulada. 


Conforme observado, o desempenho acumulado da carteia é de 15,81%, superior ao índice Bovespa, que apresenta um desempenho anual de -11,68 %. Foi observado durante as 35 semanas de estudo que na maioria das semanas os 25 ativos que apresentam o maior nível de risco de cada setor, em contradição a teoria, apresentam o menor valor esperado. 

É possível observar que apenas a partir da semana 31 a carteira começou a apresentar desempenho positivo, podendo ser explicado pelo fato de que quando o mercado está em queda, de acordo com a teoria, se o ativo apresenta maior risco e maior prejuízo, esse ativo também está respeitando a teoria. Considerando o período de forte queda no preço dos ativos causados pelas expectativas dos impactos do COVID-19 na economia, pode ter afetado o desempenho negativo da carteira durante esse período, onde a análise técnica auxilia na previsão dessa tendência de queda e na tentativa de exclusão desse caso na carteira. 

Observação: Algumas semanas não foram selecionados ativos, não respeitando o método proposto para análise e, portanto, apresenta-se resultado nulo, ou seja, não esteve de acordo com a teoria ou mesmo sendo selecionados pelo filtro da teoria risco e retorno, não estavam de acordo com os critérios da análise técnica, apresentando tendência de queda no gráfico.


Ressalta-se que as informações contidas em nossa carteira teórica tem o caráter puramente acadêmico e representa um processo de aferição do aprendizado acadêmico. Não deve ser considerado orientação de investimentos. 


Maria Eduarda Dias Lima
Analista Acadêmica da Sala de Ações


Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia
Coordenador do Projeto Sala de Ações UFPB








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