quinta-feira, 3 de setembro de 2020

         Uma carteira de dividendos tem como objetivo gerar, além da evolução patrimonial ocasionada pela variação no preço das ações das empresas selecionadas, um retorno adicional em dinheiro aos detentores da carteira, com isso, além de proporcionar um maior retorno, a distribuição de proventos entrega algumas vantagens aos investidores, como a possibilidade de reinvestir a quantia recebida ou usá-la de acordo com sua preferência. 

Dividendos são os proventos pagos aos acionistas em decorrência da distribuição dos lucros auferidos pela empresa. Embora tais proventos sejam chamados, genericamente, de dividendos, também estão incluídos neles os juros sobre o capital próprio, os bônus de subscrição e os dividendos em ações. De acordo com Benjamin Graham, no livro O Investidor Inteligente, existe um conflito de interesses entre acionistas e administradores. Enquanto os acionistas desejam receber mais dividendos, para utilizar a quantia recebida de acordo com suas preferências individuais, os administradores desejam reter os lucros da companhia, visando reinvesti-los em projetos que gerem mais retornos aos acionistas.


A distribuição ou retenção dos lucros e como os acionistas aceitam essa proposta depende de como é o histórico de crescimento da empresa. Para companhias que possuem histórico de crescimento, os investidores estão mais dispostos a abrir mão dos dividendos em prol do reinvestimento dos lucros. Já para empresas maduras, sem perspectiva de crescimento acelerado, a distribuição de boa parte dos lucros é o mais desejado pelos acionistas. De acordo com Graham, os acionistas devem exigir uma distribuição de, aproximadamente, dois terços dos lucros. Desse modo, o preço das ações das empresas de crescimento rápido tende a acompanhar a taxa de crescimento da companhia, já o preço das ações de empresas que são voltadas para a distribuição dos lucros acompanha a taxa de distribuição de dividendos.


É válido destacar que o que foi exposto por Graham, em O Investidor Inteligente, corrobora com a teoria da separação de Fisher, onde o objetivo da administração de uma empresa é maximizar a riqueza dos acionistas, investindo em projetos que permitam um retorno igual a taxa exigida pelo mercado. Portanto, caso a empresa não possua opções de reinvestimentos que possibilitem o retorno exigido, a melhor opção é a distribuição dos lucros aos seus acionistas (Coppeland, Westone Shastri, 2005).


Metodologia de Construção da Carteira de Dividendos da Sala de Ações 


    Para construir a carteira de dividendos da Sala de Ações, foram estabelecidos alguns critérios de escolha. O primeiro filtro foi escolher empresas que fazem parte do índice Ibovespa e não são do setor financeiro, como os bancos e seguradoras. Com isso, foram selecionadas 53 empresas, que fazem parte dos seguintes setores: básico, consumo, elétrico, imobiliário e transportes/telecomunicações. 

 

    O próximo filtro foi selecionar as empresas que fazem parte da carteira fundamentalista da Sala de Ações, as quais atendem aos critérios de Benjamin Graham, assim, garantindo a qualidade das empresas que fazem parte da carteira de dividendos. O terceiro filtro, foi selecionar as companhias que também fazem parte do índice IDIV, pois esse índice tem como objetivo montar uma carteira teórica dos ativos que se destacam na remuneração dos investidores. Com isso, foram selecionados nove ativos. Após isso, foram selecionados cinco ativos finais que compõem a carteira de dividendos. Para fazer essa seleção, o critério escolhido foi o Payout, índice que mede a porcentagem do lucro líquido distribuído como proventos aos acionistas. Com isso, a regra estabelecida foi escolher empresas que possuem o Payout maior do que 70% e, caso a carteira ainda não estivesse totalmente composta, escolher os ativos remanescentes em ordem decrescente de Payout. Desse modo, a carteira de dividendos da Sala de Ações representa empresas de qualidade, visto que passam pelos critérios de Benjamin Graham e possuem o maior retorno possível em termos de proventos aos seus acionistas.

 


            Semana 35 - Relatório Dividendos - Monitoramento Semanal

 

    A carteira de dividendos obteve rentabilidade de 0,80% na semana, performando acima do Ibovespa (0,61%) e do índice Idiv (0,54%). O retorno dos dividendos no ano atingiu acréscimo de 2,47% na carteira, fazendo com que o desempenho acumulado no ano passasse de -3,93% (sem acumular os dividendos) para -1,46% (acumulando os dividendos), enquanto o Ibovespa segue com -11,92% e o Idiv -15,35%. As maiores altas da semana ficaram com Engie e Cemig com valorização de 1,55% e 1,48% respectivamente. Com relação às notícias destaques, foi anunciado no dia 21/08, na Época Negócios, que a Engie fechou acordo de investimento de R$ 500 milhões com o Itaú para projeto de transmissão. Já a Klabin, de acordo com o RI da empresa, efetuou o pagamento parcial antecipado de uma linha de Pré-Pagamento à exportação. Segundo uma notícia veiculada na InfoMoney, a distribuição global de dividendos deve cair no mínimo 17% em 2020, conforme prevê Janus Henderson.



Giovani Andrade, Kleber Costa, Eudes Daniel e Emerson Oliveira

Analistas Acadêmicos da Sala de Ações

Sala Benjamin Graham - Análise Fundamentalista


Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia

Coordenador do Projeto Sala de Ações da UFPB











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