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O processo de estabilização da economia
brasileira em 1994, trouxe a inflação anual de volta para um dígito em menos de
três anos. Segundo Bogdanski, Tombini e Werlang
(2000), Working Papern. 1: Implementing Inflation Targeting in Brazil do Banco Centralesse processo envolveu uma série de
reformas econômicas, como uma redução do setor público, via privatizações, abertura comercial através da redução de taxas de importação e eliminação de barreiras não-tarifárias. Houve também uma reestruturação do mercado financeiro, com instituições insalubres liquidadas, fundidas ou reestruturadas e, atualização das regulações. Além disso, a indexação de preços da economia brasileira foi significativamente reduzida.
Ainda assim, várias reformas estruturais deixaram de ser feitas no período, de forma que o país continuou vulnerável a crises de confiança, como aconteceu após a Rússia decretar moratória da dívida, o que resultou na migração de capitais, depositados nas economias emergentes, para economias mais estáveis. O episódio fez com que o Brasil aumentasse a taxa de juros de curto prazo e anunciasse um aperto fiscal. Vale ressaltar que, no mesmo período, o país adotou a taxa de câmbio flutuante.
Nesse cenário, a equipe que compunha o Banco Central tinha dois objetivos principais: acalmar o mercado financeiro, já que o aumento da inflação esperada corroía o retorno dos títulos públicos; e, a adoção de um sistema de metas de inflação. No entanto, o Banco Central não tinha um aparato institucional que garantisse sua independência operacional e, além disso, poucos membros dominavam a estrutura da política de metas de
inflação.
O Departamento de Pesquisa do Banco Central foi criado em março de 1999, com a finalidade de desenvolver uma série de ferramentas para dar suporte à política monetária. Para a construção dos modelos, o departamento estudou os canais de transmissão da política monetária, incluindo as variáveis: taxa de juros, câmbio, demanda agregada, preço dos ativos, expectativas, agregados monetários e de crédito, salários e riqueza. Os modelos estruturais foram complementados por modelos de curto prazo, que forneciam uma estimativa para a inflação de curto prazo e assim estimar a taxa de juros ex-ante e simular choques específicos em componentes do IPCA.
Os modelos estruturais escolhidos foram a Curva IS com a adição do resultado primário, onde o hiato do produto (h) depende do hiato do produto nos trimestre anteriores (ht-1 e ht-2), da taxa de juros e do resultado primário do período anterior,rt-1 e prt-1, respectivamente; a Curva de Phillips, admitindo expectativas adaptativas e racionais; variação do câmbio de acordo com uma condição de paridade entre as taxas de juros domésticas e externas e o prêmio pelo risco-país; e uma regra para determinação da taxa de juros, a Regra de Taylor, como função do desvio da inflação presente ou sua expectativa em torno da meta e o hiato do produto.
As simulações feitas a partir desses modelos permitem a visualização do mecanismo de transmissão da política monetária implícito nos modelos simplificados. A inflação, π, dependerá do hiato do produto no período t-1, bem como as inflações passadas (πt-1 e πt-2), sua expectativa para o período t+1 e a taxa nominal do câmbio. A taxa de juros definida pela Regra de Taylor será uma função do desvio da inflação presente em torno da meta estipulada (πt-π*), do hiato do produto no período t e da taxa de juros do trimestre anterior(it-1). Essa última determinação impactará a taxa de câmbio, em conjunto com as variáveis exógenas: taxa de juros externa (iFt) e o risco-país (xt).
As simulações dos modelos se baseiam na seleção de um cenário central que envolve a hipótese mais provável e um conjunto de cenários alternativos apresentando riscos percebidos a partir de uma hipótese-base. Fontes alternativas, como pesquisas e previsões de mercado e, informações sobre expectativas de inflação incorporadas nos instrumentos financeiros, também devem ser consideradas no processo de decisão.
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