terça-feira, 11 de setembro de 2018

Capitalismo e Liberdade – Capítulo 1

Texto: Marli Silva Castro, Willian Pablo Pereira Reis e Sinézio Fernandes Maia

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Em Capitalismo e Liberdade, publicado originalmente nos Estados Unidos em 1962, Milton Friedman explora os conceitos de liberdade econômica e política, defendendo o capitalismo competitivo. Já na introdução o autor refuta as noções de que o governo deve fazer algo pelas pessoas e a de que as pessoas devem fazer algo pelo governo. A primeira ideia, diz Milton, nos dá a impressão de que o governo deve ser paternalista e que por isso não temos liberdade sobre nós mesmos. A segunda, faz parecer que o governo é superior aos cidadãos e que por isso as pessoas devem algo a ele, colocando o estado como um Deus.
Para Friedman, o homem livre se coloca contra ambas as ideias e questiona como ele e seus compatriotas podem cooperar juntos, usando o governo como meio para atingir seus objetivos pessoais e ambições. O governo, portanto, possui um papel fundamental no sistema capitalista, o papel de permitir que os seres humanos possam cooperar da melhor maneira possível sem violar uma os direitos da outra. A importância do governo, entretanto, suscita uma pergunta: como impedir que o mesmo governo que estabelecemos para preservar a nossa liberdade não se torne, devido ao processo centralizador, o destruidor dessas mesmas liberdades?
A resposta é simples e consiste em dois pontos principais. O primeiro é delimitar a área de atuação do governo, à saber: proteger nossa liberdade contra os inimigos externos e contra nossos próprios compatriotas; preservar a lei e a ordem; reforçar os contratos privados; promover mercados competitivos e cuidar da saúde das crianças e dos insanos. O governo pode ainda atuar em empreendimentos que sejam dispendiosos para a iniciativa privada, entretanto, mantendo o padrão de cooperação voluntária entre os indivíduos em um mercado livre. O segundo ponto é descentralizar o poder, pois quanto maior sua distribuição menor seu potencial de nocividade.
Na defesa pela liberdade, o autor cita que os avanços até então alcançados foram fruto da variedade e da diversidade humana, produto do gênio individual de pessoas como Newton e Leibniz; Einstein e Shakespeare. A intervenção governamental para padronizar a sociedade pode obter melhora em diversos locais, entretanto, irá suprimir a variedade essencial que produz avanços, levando a sociedade a estagnação e mediocridade uniforme.
Outro aspecto abordado é a interligação entre liberdade econômica, política, civil e pessoal. Isso porque restringir a liberdade econômica sempre resulta em uma restrição na liberdade civil. A liberdade política, por sua vez, tem como condição necessária, mas obstante não suficiente, a liberdade econômica. As interconexões foram constatadas por Bentham, que via na liberdade política o caminho para a liberdade econômica através da instituição do voto. Hayek posteriormente observando as políticas do Welfare State e a intervenção do estado na economia afirmou que seguíamos em um “caminho para a servidão” e apontou a liberdade econômica como o caminho para a liberdade política.
Diante disso, ele então procura expor no que se constitui exatamente esse sistema de liberdade econômica, que chama de “capitalismo competitivo”, composto por empresas privadas e consumidores. A primeira, é livre da coerção do segundo, dado que pode vender seus produtos a outros indivíduos e o segundo é livre de coerção por parte das empresas, posto que há outros ofertantes de quem comprar, de modo que as transações são de fato voluntárias e realizadas livremente.
Friedman aponta também para a tolerância que é promovida no capitalismo competitivo. No capitalismo há a possibilidade de pequenas vozes descontentes ecoarem ensurdecedor grito político pregando o exato oposto ao status quo. Foi assim, por exemplo, com Marx, que teve Engels como patrono - um rico filho de usineiro. Para o mercado basta que as ideias retornem lucros para que elas sejam apoiadas. Um editor publicará qualquer coisa contanto que gere vendas, Hollywood apoiará qualquer diretor de filmes que gere lucro, não se importando com a ideologia dele.

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