Relatório de Performance Setorial do Ibovespa
Por Fábio Passos Marcos Filho - Assessor Acadêmico SA
A Semana 16 contempla os dias da semana entre 15 e 19 de abril de 2024.
O relatório de Performance tem como objetivo, realizar um estudo semanal do desempenho índice Ibovespa e está dividido em 6 sub-relatórios específicos cada um abrangendo um setor. São eles: Setor Básico, Setor de Consumo, Setor de Energia, Setor Financeiro, Setor Imobiliário e o Setor de Transporte e Telecomunicações.
Este relatório tem o objetivo prover uma contextualização do mercado, oferecendo um panorama geral que destaca as tendências recentes e fatores externos que impactam diretamente cada setor em foco. Apresentaremos Indicadores de desempenho demonstrando uma lista e explicação dos principais indicadores utilizados na avaliação. Analisaremos dados numéricos relevantes, acompanhados de gráficos e tabelas que visam ilustrar tendências e padrões, facilitando a interpretação dos dados pelos investidores e, por fim, destacaremos um resumo das principais descobertas, consolidando as informações apresentadas.
O Ibovespa, também conhecido como Índice Bovespa ou Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, é o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, atualmente a B3. O índice é composto pelas ações das empresas mais negociadas na bolsa de valores, representando assim uma amostra significativa do desempenho das empresas listadas na bolsa. O Ibovespa é considerado um termômetro do mercado financeiro brasileiro, pois reflete o comportamento médio dos preços das ações das principais empresas do país.
O índice é ponderado pelo valor de mercado das empresas e leva em consideração o volume financeiro das negociações e a representatividade das empresas na economia brasileira. O Ibovespa é frequentemente utilizado como referência para investidores e gestores de carteira avaliarem o desempenho de seus investimentos em relação ao mercado em geral.
Contextualização do Mercado em 2024
Este ano, o índice Ibovespa vem apresentando um desempenho abaixo da média em relação a performance dos índices mundiais em geral. O IBOV vem reagindo bastante ao cenário da taxa de juros do FED, a postergação da flexibilização monetária da maior economia do mundo pode ser um dos principais motivos para a performance discreta do índice nesse primeiro trimestre. Além disso, a economia Chinesa anda falhando em corresponder às expectativas do mercado, onde, em seu modelo econômico focado em construção civil, vem impactando negativamente o cenário de commodities brasileiro, como o de minério de ferro, afetando diretamente o setor Básico do índice Brasileiro. Em seu cenário local, outro fator que pesa para a performance abaixo do esperado do índice é as revisões nas estimativas de lucros das empresas nacionais, onde as expectativas de lucro do Ibovespa ficaram paradas nos últimos meses.
Esta semana o índice apresentou uma leve baixa. AO índice vem apresentando um desempenho abaixo da média, em relação aos principais índices mundiais, com um desempenho mensal negativo de 1,47% do Ibovespa e um desempenho anual de –5,71% contra 0,72% de valorização do índice Dow Jones e 4,73% do índice S&P500.
Indicadores de Desempenho
O preço da ação é formado pelos investidores do mercado que, dando ordens de compra ou venda de ações às Corretoras das quais são clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura de cada papel, fazendo com que se estabeleça o preço de equilíbrio da ação.
Os Os principais ganhadores dessa semana do IBOV foram, em primeiro lugar, a ação da empresa PETS (PETZ3) com alta de 31,15%, em segundo lugar, temos a ação da Petrobras (PETR3) com rentabilidade de 6,00% e em terceiro lugar temos as ações da empresa de alimentos BR Foods (BRFS3) com aumento de 4,92%.
Em relação aos piores desempenhos, o Ibovespa essa semana possuiu ações que realizaram movimentos negativos expressivos, com o maior movimento sendo realizado pelas ações da CVC Brasil (CVCB3) com performance de –14,29% seguida pelas ações da empresa de aviação Azul (AZUL4) apresentando –10,93% de performance e em terceiro lugar temos a ações da empresa de educação Cogna (COGN3) apresentando uma performance de –10,05%.
Em relação as performances de cada setor individualmente, com exceção do setor básico, todos os setores apresentaram baixa, sendo o resultado semanal de cada setor o seguinte:
Setor Básico.........: 0,28%
Setor de Consumo: -2,00%
Setor de Energia...: -1,03%
Setor Financeiro...: -2,34%
Setor Imobiliário...: -4,43%
Setor TranspTel...: -3,14%
Em geral, o índice apresentou uma semana de baixa, onde a boa performance de grandes empresas do IBOVESPA contribuiu para uma queda não tão acentuada.
Para o Setor Básico temos os seguintes resultados relação as performances de cada setor individualmente, com exceção do setor básico, todos os setores apresentaram baixa, sendo o resultado semanal de cada setor o seguinte:
Nesta semana, o setor de Consumo apresentou uma queda de -2,00% em relação a semana passada, abaixo do IBOV, que obteve um retorno semanal de -0,65%, ademais, o setor obteve uma queda de -7,56% em relação ao mês anterior, e obteve baixa em relação ao dia 29/12/23, com um rendimento de -10,86%, a 2º maior queda entre os setores do índice Ibovespa, perdendo apenas para o setor imobiliário.
Na semana, os destaques de retornos foram para a PETZ (31,15%), BRFS3 (4,92%) e SLCE3 (1,57%), além disso, podemos destacar os ativos mais negociados da semana: BRFS3 (76,84%), SLCE3 (62,06%) e RAIZ4 (56,65%). Referente ao ano, podemos destacar os 3 maiores retornos do ano, BRFS3 (28,68%), PETZ3 (27,66%), ASAI3 (2,76%), e paralelamente destacar os 3 piores retornos do ano, COGN3 (-41,37%), YDUQ3 (-34,35%) e PCAR3 (-34,13%). Sendo assim, o maior destaque do ano para este relatório semanal é a BRFS3, dado o seu cenário positivo e aumento no número de negociações, e posteriormente a PETZ3 como um destaque semanal, dado o seu retorno extremamente positivo.
No Setor de Energia e no recorte semanal, temos como destaque os retornos da Cemig (CMIG4) com 2,02%, a Engie (EGIE3) com 1,14% e a Copel (CPLE6) com 0,98%. Os demais setores estão todos negativos. Sendo a Eletrobras (ELET3) com o valor mais negativo de -3,13%. Em comparação com o Ibovespa, o Setor de Energia está menor em seu retorno semanal com -1,03%, enquanto o Ibovespa está com um retorno menor de -0,65%.
No recorte anual, destacamos mais uma vez a Cemig (CMIG4) com 15,61%. Os demais setores foram todos negativos, onde a Energisa (ENGI11) obteve o maior retorno negativo, com -11,48% e a Equatorial (EQTL3) com -11,00%. No ano, o Setor de Energia obteve resultado negativo de -6,57%, já o Ibovespa também obteve resultado negativo, mas superior ao Setor de Energia com -5,71%.
Com esses resultados negativos, o Setor de Energia pode estar passando por vários motivos que podem influenciar as condições de mercado. Com por exemplo:
Ø Instabilidade Política e Econômica: Mudanças políticas e incertezas econômicas;
Ø Custos Operacionais: Custos elevados como preços de combustíveis, manutenção de infraestrutura e investimento em tecnologia;
Ø Flutuações no Preços das Commodities: Flutuações nos preços do petróleo, gás natural e carvão;
Ø Variações Climáticas: Secas, prolongadas, inundações podem afetar o setor;
Ø Impacto Ambiental e Sustentabilidade: Pressões ambientais e regulatórias para ter mais energias limpas e sustentáveis;
Ø Concorrência de Fontes Alternativas de Energia: Aumento da competitividade em fontes de energias renováveis que afetam as energias tradicionais e a empresa;
Ø Regulamentação Governamentais: Mudanças nas tarifas, subsídios e regulações ambientais, afetam as operações e resultados financeiros.
Nas notícias relevantes, Eletrobras (ELET3) e Copel (CPLE3) a Itaú BBA mostra que os preços de energia no Brasil despencam após revisão de projeções de carga. A Eletrobras (ELET3)(ELET6) tem acordo que serve para aumentar poder da União e poderá sair até maio. Para a Equatorial (EQTL3), a MP promete 34 GW em renováveis e redução na conta de luz; entidade cita custo futuro.
Para o Setor Imobiliário, nesta semana, o setor imobiliário apresentou uma queda de -4,43%, não superando o Ibovespa. Apesar da precificação negativa do mercado, notícias boas envolvendo algumas das empresas analisadas foram divulgadas. Allos e Multiplan divulgaram a expansão do shopping Parque Maceió, com investimento de R$55,4 milhões. Além disso, a MRV apresentou recorde de vendas liquidas no 1T24, totalizando R$2,3 bilhões de reais.
Com esse gráfico pode-se observar que o setor como um todo está sendo bem afetado, com quedas expressivas em todas as companhias. O cenário político interno, a incerteza perante as medidas que serão tomadas para as taxas de juros, metas fiscais e medidas governamentais, alinhado a perspectivas ruins para o cenário internacional, causam insegurança no mercado. Enquanto são aguardadas medidas a respeito dos créditos imobiliários, onde foi divulgado a intenção do governo em destravar o mercado, com contratos indexados, possibilitando financiamentos, que vem sendo um grande problema do setor com os bancos seletivos a liberação de crédito.
Ja o Setor de Telecomunicações juntamente com o Setor de Transporte apresentaram uma baixa com uma performance geral de -3.14% contra -0,65% do Ibovespa.Semana com um movimento de baixa, proporcionada pela ação da CVC Brasil (CVCB3) com rentabilidade de -14,29%, seguida por quedas da AZUL4 com -10,93% e VAMO3 com –8,77%, as demais estáveis.
Em relação aos melhores desempenhos, o setor transporte e telecomunicação tem ações que realizaram movimentos positivos, com o maior movimento sendo realizado pelas ações CASH3 com performance de 4,05%, seguida pelas ações da TOTS3 apresentando 2,63% e em terceiro lugar temos as ações da WEGE3 com performance de 1,50%.
Dos melhores desempenhos anuais temos: Embraer (EMBR3) com 40,42%, seguida de Weg (WEGE3) com 5,41%.
Setor Financeiro
Esta semana, o setor financeiro certos movimentos expressivos. A grande maioria das ações apresentaram rentabilidade negativa, acredita-se que a principal razão para tal performance, seja o pessimismo em relação ao resultado do próximo resultado trimestrais do setor bancário, que estão para ser divulgadas a partir do início de maio. Além disso, a alta recente do dólar vem afetando o setor, que é sensível para tais movimentos.
O setor financeiro é bastante sensível a movimentos e decisões de juros de moedas fortes. Assim, a decisão do FED de manter a taxa de juros elevada por um período mais longo, vem prejudicando a performance do campo como um todo. por tal razão, acredita-se que está ocorrendo um “resfriamento” nas atividades desse ramo, acarretando, então, um pessimismo em relação aos futuros resultados trimestrais das empresas financeiras. Esses elementos analisados, geram uma visão de possíveis motivos para a performance negativa do setor no ano de 2024 até o momento.
Várias ações do setor financeiro, em sua análise técnica, apresentam, sinais de tendência de baixa, agregado ao fato que diversas ações do setor estão em sua alta histórica pode indicar que novas quedas aconteçam no setor durante as próximas semanas.
A empresa Cielo (CIEL3) lidera com a performance anual de 22,03% seguida do Banco do Brasil (BBAS3) com performance de 1,21% e da BB Seguridade (BBSE3) com baixa de –2,74%.
RESUMO DA SEMANA
Semana de leve baixa do índice Ibovespa, com um grande movimento de alta, realizada pela PETZ3, no qual se valorizou mais de 30%, seguido pelas valorizações da PETR3 e BRFS3 e as maiores quedas sendo as ações CVCB3, AZUL4 e COGN3.
Diversos setores apresentaram uma semana negativa, influenciados pelo anúncio do FED em relação a taxa de juros, pela má performance da China, e pelos resultados “mornos” das empresas do índice Ibovespa. Apesar disso as Empresas do Ramo de petróleo ajudaram a segurar um pouco o valor do índice, devido a boas notícias do setor.
Fábio Passos Marcos Filho - Assessor Acadêmico da SA
Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia - Coordenador da Sala de Ações - UFPB
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