sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 O relatório, intitulado de radar macroeconômico, é a ferramenta utilizada pelo projeto Sala de Ações – UFPB para investigar a existência de correlação entre as notícias relacionadas a conjuntura macroeconômica nacional e internacional e o desempenho das bolsas no mundo. Para isso, é analisado os principais índices do continente americano, europeu e asiático: Ibovespa, Dow Jones, DAX, FTSE 100 e SSEC. Além disso, é feito também a análise do fechamento do Ibovespa e volume financeiro observado na bolsa de valores de São Paulo, com o intuito de averiguar o comportamento dos investidores.

 

No primeiro pregão da semana, apesar da prévia do indicador de confiança da indústria, divulgado pela FGV, apontar que o próprio deve saltar a máxima desde 2013, o Ibovespa fechou em queda de 1,32% em meio a segunda onda da Covid-19 na Europa. Esse avanço do vírus no continente europeu, esteve relacionado com as quedas dos índices DAX e FTSE 100 em 4,37% e 3,38%, respectivamente. O sentimento foi estendido também para o Dow Jones, que somado a entrada de grandes bancos, como JP Morgan Chase e HSBC, em lista de “não confiáveis”, a qual os apontam como lenientes em relação à lavagem de dinheiro, se relacionou com a perda de 1,84% do índice. Na China, o SSEC fechou o pregão em queda de 0,63%, após Banco Central da China manter inalterada a taxa de empréstimos. 

 

Na terça-feira, após a queda na véspera, Ibovespa fechou o pregão o dia com recuperação parcial, crescendo 0,31%, mesmo cenário externo desfavorável repercutindo a situação da Covid-19 na Europa e ata do COPOM afirmando que a inflação deve avançar no curto prazo. Nos EUA, as ações de tecnologias voltaram a obter ganhos, assim como na primeira onda da Covid-19, e impulsionaram o crescimento de 0,52%. Na Europa, as ações de petróleo e tabaco impulsionaram a altas dos índices europeus. Com isso, DAX e FTSE 100 fecharam em alta de 0,41% e 0,43%, respectivamente. Para o último, as ações das exportadoras também foi um importante fator para o crescimento, frente a desvalorização da libra, após Boris Johnson anunciar medidas de restrição para combater o avanço da COVID-19. No SSEC, o índice obteve perda de 1,29%, com o receio da segunda onda na Europa.

 

Na quarta-feira, o Ibovespa recuou 1,60%, tendo no radar a pandemia da Covid-19, incertezas em relação ao acordo do pacote de estímulo fiscal e a expectativa de apoio do governo a desoneração da folha de pagamentos. Em Wall Street, Dow Jones fechou em queda de 1,92%, com as discordâncias em relação ao pacote de estímulo fiscal se agravando ainda mais depois da corrida presidencial. No continente europeu, DAX e FTSE 100 cresceram 0,39% e 1,20%, após dados corporativos positivos das empresas de esportes e avanço do setor de viagem. Na China, o SSEC fechou em alta de 0,17%, sustentado pelas ações do setor de saúde, após o órgão de planejamento estatal afirmar que o país vai acelerar o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19.

 

Notícias de que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, continuará negociando o pacote de estímulo fiscal com a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, esteve relacionado com o aumento de 0,20% do Dow Jones na quinta-feira. Essa notícia teve repercussão também no Brasil, além do apoio do governo a desoneração da folha de pagamentos, queda de 85% do investimento estrangeiro e superávit nas contas externas de US$ 3,721 bilhões e, com isso, o Ibovespa fechou o pregão com crescimento de 1,33%. Na Europa, o receio em relação à segunda onda da COVID-19 permaneceu e o DAX fechou em queda de 0,29%. Quanto ao FTSE 100, essa última notícia, somada ao pacote de apoio ao emprego reduzido, relacionou-se com uma queda de 1,30% do índice. Na Ásia, o SSEC acompanhou o desempenho do mercado externo e fechou em queda de 1,72%.

 

No último dia da semana, com os investidores cautelosos, atentos a situação da Covid-19 e ao cenário fiscal brasileiro, o Ibovespa fechou o pregão próximo da estabilidade recuando 0,01%. Nos EUA, o Dow Jones fechou em alta, 1,34%, mesmo com incertezas em relação ao pacote de estímulo fiscal e à Covid-19, impulsionados pelas ações de tecnologia. Na Europa, DAX e FTSE 100 fecharam em direções opostas, com o primeiro perdendo 1,09%, enquanto o segundo avançou 0,34%. No radar, esteve o receio de propagação da Covid-19 e o aumento das chances do Reino Unido chegar a um acordo com a União Europeia para o Brexit para que a situação econômica do país não se agrave. No continente asiático, SSEC fechou em queda de 0,12% repercutindo as incertezas no mundo.

 

Na semana 39, o Ibovespa acumulou perda de 1,31%, saindo de 98.289 pontos para 96.999 pontos. Enquanto isso, o volume financeiro se manteve no intervalo de R$ 19,880 bilhões e R$ 39.187 bilhões, atingindo o seu máximo na segunda-feira e o mínimo na sexta-feira. Além disso, apenas o SSECnão acumula perdas no ano de 2020.


Igor Manoel Bezerra roque Mendes
Analista Acadêmico da Sala de Ações

Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia

Coordenador do Projeto Sala de Ações UFPB













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