A Sala de Ações tem como prerrogativa semanal a discussão dos setores da bolsa de valores por meio do monitoramento e do estudo dos diversos ativos listados na B3, para verificar a correlação entre as notícias das empresas e do setor em relação ao desempenho dos ativos e a variação do número de negócios. O monitoramento também visa a comparação entre as rentabilidades dos setores e os benchmarks (Ibovespa, CDI). O ano de 2020 vem sendo marcado pela onda pandêmica do COVID-19, fato que afetou negativamente os mercados como um todo. Nessa semana o Ibovespa rentabilizou 0,17%, mantendo-se acima dos 100 mil pontos e acumulando perda anual de -12,21%.
O setor de consumo apresentou alta de 0,83%, com um retorno anual de 2,68%, com destaque para Marfrig que teve uma performance de 14,48% que apresentou um aumento no seu lucro líquido, resultado do aumento da demanda por produtos de proteína animal, já a MGLU3 apresentou prejuízo de R$ 62 milhões no 2T20, contudo a companhia apresentou alta no e-commerce e aumento de 29,3% na sua receita liquida com isso suas ações fecharam a semana com uma de 6,84%. A PGR também essa semana fechou delação com o fundador e outros três ex-executivos da Hypera Pharma, com uma multa de mais de R$ 1 bilhão, outro destaque foi para a Qualicorp que anunciou parceria com a NotreDame para a comercialização de planos. Já a Cogna apresentou prejuízo de R$ 454,7 milhões no 2T20 tendo a pior desvalorização semanal do setor com uma rentabilidade de -8,76%.
O setor básico apresentou alta de 4,13% com um aumento de 8,93% no número de negociações demonstrando uma disposição compradora dos investidores. O retorno anual do setor foi o melhor desde o início da crise e o terceiro melhor resultado em todo o ano, apresentando um retorno de 4,88%, superando os 2,07% do CDI. Destaque para as metalúrgicas, que tiveram alta na semana, isso se deve a alta do minério de ferro, com o preço da commodity chegando a quase US$ 130,00 por tonelada. O destaque da semana ficou com a Ultrapar, que anunciou um novo acordo de acionistas, onde o fundo Pátria passou a deter 20% do capital social da Ultra S.A, com isso, as ações da companhia apresentaram 10,38% de valorização. Em contrapartida, a Sabesp teve o pior desempenho semanal do setor, fechando a semana com -8,03%, devido ao pronunciamento do Governador João Doria, que afirmou que seria realizado o processo de capitalização da companhia, ao invés da privatização. O número de negociações dos papéis da empresa se elevou em 104% indicando uma considerável força vendedora.
O setor de energia apresentou queda de -1,11% na semana. No ano, a rentabilidade do setor continua negativa em -12,04%, vale salientar que duas semanas atrás a performance anual era de -6,26%. Com relação aos destaques da semana, as ações da Cemig tiveram valorização de 3,94%, causada principalmente pela divulgação do lucro líquido de R$ 1 bilhão, queda de 50 p.p. em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da queda, o lucro da empresa foi visto com bons olhos pelo mercado, essencialmente devido o lucro líquido do 2T19 ter sido consequência de eventos não recorrentes. Já a ELET6, apresentou desvalorização de -3,11%, devido a possibilidade de privatização da companhia, como também já mencionada saída do secretário de Privatizações, Salim Mattar, do Ministério da Economia, no dia 11.
O setor imobiliário sofreu queda de -0,20% nessa semana, acumulando uma queda anual de -26,71%. Segundo a Valor investe, as vendas superaram as expectativas para o setor, o que impactou positivamente os preços da Cyrela e MRV que fecharam positivamente a semana com 1,23% e 5,25% respectivamente. Já o IPO da Lavvi, incorporadora da Cyrela, tem data prevista para o dia 02 de setembro e planeja levantar cerca de R$ 2,1 bilhões. De acordo com a Fitch Ratings, agência americana de análise de risco, o tráfego nas rodovias brasileiras só deve voltar aos níveis normais em 2024, apesar da notícia negativa, não foi observado impacto direto nos preços das ações do segmento. Com relação aos números de negócios, Iguatemi e Multiplan sofreram redução de -32,84% e -39,01% respectivamente, fundamentada principalmente na cautela dos investidores nas administradoras de shoppings.
O setor de transporte e telecomunicação nessa semana performou abaixo do Ibovespa, rentabilizando -3,07%, com as maiores perdas no setor de transporte aéreo, com perdas acima dos 5%. A empresa destaque da semana é a Totvs que foi a única empresa a performar positivo essa semana, com uma rentabilidade semanal de 1,19%, a companhia informou que questionará acordo entre Linx e Stone, caso acionistas prefiram a proposta da Totvs, outra notícia relevante é o anuncio por parte da Localiza da rescisão do contrato com Hertz, que impactaram positivamente o valor das ações no dia, contudo o valor dessas ficou negativo na semana a Smiles também realizou uma assembleia de acionistas que aceitou o acordo de compra de R$ 400 milhões de passagens da Gol. Os setores tiveram uma queda no número das negociações na semana demonstrando cautela por parte dos investidores.
Analistas acadêmicos: Emerson Oliveira, Ivonaldo Ferreira, Robert Figueiredo e Vítor Martins
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