BITCOIN Parte I: Para que servem, de onde vem, como usar?
Barbara Simão
Felipe Araujo
Coordenação: Prof. Sinézio Maia
Para ler em PDF, clique aqui
As moedas digitais diferem dos meios de
pagamentos tradicionais pelo fato de não serem controladas por um sistema
econômico ou banco central. De tal maneira, surge a demanda das empresas em
implementar um novo recurso de pagamento, que vise agilizar o processo de
trocas de mercadorias. Em 2015, o Professor da Universidade de Clemson,
Gerald Dwyer no artigo “The economics of
Bitcoin and similar private digital currencies” publicado no Journal of Financial Stability,
indicou que a demanda por moedas digitais decorre por duas razões: i) baixo
custo de transferência entre os participantes, uma vez que é verificado a
ausência de uma parte central para realizar a intermediação; ii) anonimato dos
usuários nas transferências de valores. Inserido nessa perspectiva, o Bitcoin,
dentre todas as moedas virtuais, é considerada a de maior liquidez e com larga
amplitude de negociações.
Ao
contrário, a maioria dos usuários de moedas digitais permanecem anônimos, isto
é, os indivíduos que transacionam com moedas virtuais não são identificados,
mesmo tendo suas transações públicas. A tabela 01 é um demonstrativo das
principais moedas digitais.
Tabela
01: Principais moedas digitais em circulação
Moeda
|
Ticker
|
Ano
|
Inventor
|
Site
|
Capitalização (U$)
|
Oferta de Moeda
|
|
Bitcoin
|
BTC
|
2009
|
Satoshi Nakamoto
|
bitcoin.org
|
21,9 bi
|
16.3 mi BTC
|
|
Dash
|
DASH
|
2014
|
Evan Duffield
|
dash.org
|
479.5 mi
|
7.23 mi DASH
|
|
Ethereum
|
ETH
|
2014
|
Vitalik Buterin
|
ethereum.org
|
4.25 bi
|
90.7 mi ETH
|
|
Ripple
|
XRP
|
2013
|
Ryan Fugger
|
ripple.com
|
1.28 bi
|
37.5 bi XRP
|
Fonte:
Adaptado de Egorova e Torzhevskiy (2016) - "Bitcoin: Main trends and perspectives" / dados atualizados 11 abr. 2017
O Bitcoin
é definido como um sistema monetário digital e descentralizado, em que sua
implementação é fundamentada por duas tecnologias fundamentais da criptografia:
de chave público-privada, para armazenamento e o dispêndio do dinheiro; e a
validação criptográfica das transações. O sistema de criptografia de chave
público-privada, permitindo que qualquer pessoa crie uma chave pública e uma
chave privada correspondente, que serve como uma espécie de assinatura digital
para cada usuário.
O mecanismo de funcionamento utilizado pelo
protocolo do Bitcoin consiste em um sistema de arquitetura de redes de
computadores, denominada de rede peer-to-peer,
em que cada ponto da rede tem a função de compartilhamento de dados sem a
necessidade de um servidor central.
Fonte: Bitcoin.org
|
Em
termos simplificados de mercado, os Bitcoins são enviados e recebidos usando um
aplicativo móvel ou software que
fornece uma carteira virtual de pagamentos em Bitcoins. A carteira gera um
endereço, semelhante a um número de conta bancária, exceto que um endereço
Bitcoin é uma sequência alfanumérica exclusiva de caracteres, em que o usuário
recebe e envia pagamentos. Existem três maneiras de se obter Bitcoins, a amplamente
aceita é a compra diretamente de outro indivíduo ou por meio de um mercado online de troca de moedas ou de casa de
câmbio. A segunda maneira é aceitá-los como pagamento de bens e serviços, ou como
os salários. O terceiro é por meio do processo de mineração para produzir
Bitcoins utilizando hardware e software de computador projetado
especificamente para resolver o algoritmo criptográfico subjacente ao protocolo
Bitcoin, produzindo novas moedas.
MEIO
DE PAGAMENTO
O processo de globalização
forneceu aberturas de mercado internacional, desenvolvimento de parcerias comerciais
e a criação de blocos de comércio integrado. Neste cenário de constantes
mudanças, grandes volumes de transações são efetuadas por meio de pagamentos
eletrônicos. Portanto, a moeda digital surge como uma ferramenta de inovação,
capaz de facilitar e otimizar o comércio entre as empresas.
BAIXO
CUSTO DE TRANSFERÊNCIA - CASO DE REFERÊNCIA
Imagine que uma empresa deseja
realizar um negócio com uma empresa dos Estados Unidos nos próximos meses,
portanto necessita realizar uma conversão cambial de sua moeda local para a
transferência de $1000 dólares. Usualmente, o valor cobrado para transação
cambial de moeda estrangeira incide imposto sobre operações financeiras (IOF)
de 3,8% sobre o valor total. Dessa forma, uma casa de câmbio cobrará R$ 3,40
pela diferença cambial mais IOF, resultando no valor de R$ 3.438,00.
Por outro lado, se o individuo optar pela transferência de valor por
meio do Bitcoin, é esperado que o custo de transação reduza consideravelmente.
Inicialmente o empresário necessita comprar o montante equivalente em Bitcoin,
podendo realizar o depósito em reais, dólar sem custos ou compra pelo
cartão de crédito/débito (taxa média de 3% por transação). Em seguida, executa
uma ordem de compra com custo médio de 0,25% ou R$ 8,5 (R$ 3.400 de referência).
Como resultado o valor final gasto na operação com compra de Bitcoins e resgate
em dólar é de 0,0004 btc ou R$ 8,50. Por outro lado, se o indivíduo deseja
participar de todo o processo transferência de valor (compra-venda-resgate de
moedas estrangeiras) com uso de Bitcoins só é viável caso este tiver uma conta
bancária no país de destino, caso contrário os custos da operação excedem o
valor das taxas de transferências tradicionais. Com isso, os pagamentos
internacionais podem ser efetuados de maneira rápida, segura e com
transparência contábil por meio das transações públicas como argumenta o portal
bitcoin.org.
ATIVO
FINANCEIRO
Atualmente, o Bitcoin tem sido matéria frequente nos principais veículos
de comunicação do mundo. Uma das razões pela alta popularidade da moeda virtual
é a crescente valorização do preço. Só em outubro, a moeda obteve uma
rentabilidade de quase 40%, acumulando ganhos de mais de 500% em 2017.
Em entrevista para a plataforma online Infomoney
(11/2017) o CEO da Foxbit, uma das principais Exchange de Bitcoin no Brasil,
João Canhada afirma que o ponto chave para crescente valorização da moeda
digital é a escassez. Entretanto, outro dado movimentou o mercado das
criptomoedas nesta semana, o lançamento de contratos futuros de Bitcoin no fim
de 2017 pela Bolsa de Chicago, levando máxima histórica de US$ 7.500.
BITCOIN: SELEÇÃO DE CARTEIRA
| ||
DES.PAD
|
RETORNO
|
VOLATILIDADE
|
21 PERÍODOS (1 mês)
| ||
0.0485
|
83.24%
|
76.92%
|
63 PERÍODOS (3 meses)
| ||
0.0753
|
169.02%
|
119.60%
|
252 PERÍODOS (1 ano)
| ||
0.0565
|
795.98%
|
89.65%
|
Em comparação aos investimentos tradicionais, o Bitcoin é considerado um ativo de alto risco, visto que apresenta média elevada de volatilidade diária, chegando em torno de 10% ao dia. Outro aspecto de incremento de risco é a ausência de regulação da moeda, que se torna fator decisivo para alguns investidores se manterem fora do mercado de Bitcoins.
Na parte II da postagem "BITCOIN Parte I: Para que servem, de onde vem, como usar?", aprofundaremos no uso de Bitcoins como ativo financeiro. Discutindo pesquisas recentes e a capacidade de proteção de patrimônio que tem se atribuído à criptomoeda em caso de risco político ou de eventos extremos.
Barbara Simão é economista pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e trabalhou
durante 4 anos no Projeto Sala de Ações. Atualmente desenvolve pesquisa sobre
Bitcoins e Mercado Financeiro no mestrado do PPGCC/UFPB.
Felipe Araujo de Oliveira é estudante de economia na Universidade Federal da Paraíba e há cinco
anos trabalha no Projeto Sala de Ações. Atualmente coordena a equipe do
Escritório Financeiro Sala de Ações.
Coordenador: Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia é doutor em economia pelo PIMES/UFPE e pós-doutor em economia financeira pela UFRGS. É idealizador e coordenador do Projeto Sala de Ações.
Coordenador: Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia é doutor em economia pelo PIMES/UFPE e pós-doutor em economia financeira pela UFRGS. É idealizador e coordenador do Projeto Sala de Ações.
0 comments:
Postar um comentário
Agradecemos seu comentário.