domingo, 14 de setembro de 2025

 

Inteligência e engenharia financeira: o poder do uso consciente e estratégico do dinheiro


Rayanne Ferreira - Assessora da Sala de Ações - UFPB

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Em 2024, o Brasil recebeu um alerta preocupante: segundo os resultados da OCDE[1] no Pisa 2022, 45% dos estudantes brasileiros de 15 anos estão no nível mais baixo de proficiência em educação financeira. Isso significa que quase metade dos jovens consegue apenas distinguir o que é desejo ou necessidade e tomar decisões básicas de consumo. Apenas 2% chegaram ao nível mais alto, onde se é capaz de planejar o’ futuro, tomar decisões conscientes e analisar produtos financeiros com autonomia.

Em um mundo onde o consumo é estimulado a todo momento, saber lidar com o dinheiro se tornou uma habilidade essencial — quase uma questão de sobrevivência. Mas será que apenas “economizar” é suficiente? A resposta é: não. É preciso pensar melhor sobre o dinheiro e também usar técnicas para fazê-lo render mais. Nesse ponto, dois conceitos merecem atenção: inteligência financeira e engenharia financeira.

inteligência financeira é a capacidade de tomar decisões conscientes com o dinheiro. É quando você entende para onde está indo seu salário, evita gastos por impulso e escolhe investimentos compatíveis com seus objetivos. É, por exemplo, utilizar uma planilha de orçamento familiar, criar e manter uma reserva de emergência, saber distinguir dívidas boas e dívidas ruins, usar o cartão de crédito como ferramenta de controle e organização, aproveitar cashback com consciência, etc. Pensar antes de gastar — e comprar com propósito.

Já a engenharia financeira vai além: ela usa cálculos, projeções e estratégias mais técnicas para ajudar a alcançar objetivos com eficiência. Não é só sobre guardar dinheiro, mas sobre montar planos com base em números reais. Desta forma, é possível calcular quanto se deve poupar por mês e em quais ativos investir para, por exemplo, comprar um imóvel ou se aposentar com dignidade. Com ela, você pode responder perguntas como:  “em quanto tempo posso dobrar meu capital?”,“como proteger meu dinheiro da inflação?”, ou “qual investimento oferece melhor retorno ajustado ao meu risco?”.

Os resultados do relatório do PISA, apontam um problema estrutural: jovens sem as ferramentas mínimas para lidar com o dinheiro no dia a dia. A ausência de inteligência e engenharia financeira contribui para ciclos de endividamento, consumo desorganizado e falta de planejamento. Em contrapartida, indivíduos que desenvolvem essas competências tendem a apresentar maior autonomia, senso crítico diante do consumo e capacidade de organizar o presente com vistas ao futuro. 

A junção desses dois conceitos transforma completamente o jogo. Essa combinação permite que os sonhos deixem de ser apenas desejos distantes e passem a se tornar metas com prazos e caminhos reais. Dobrar o capital, comprar um imóvel, garantir uma aposentadoria tranquila — tudo isso se torna mais possível quando há consciência para organizar o presente e conhecimento técnico para projetar o futuro.

Neste ponto, também é recomendável buscar orientação de especialistas. Consultores, planejadores financeiros ou até mesmo programas de educação financeira gratuitos — como o escritório financeiro da Sala de Ações — oferecem informações valiosas, pois um olhar técnico pode identificar melhor as oportunidades e os riscos, tornando o caminho mais seguro e eficiente.

A combinação entre inteligência e engenharia financeira é essencial para superar os desafios revelados pelos indicadores educacionais. Fortalecer essas habilidades desde a juventude amplia o horizonte de escolhas e reduz a vulnerabilidade econômica. Investir em educação financeira é, portanto, investir na autonomia e no futuro.


  Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia 



[1] Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Instituição internacional que reúne 38 países e tem como objetivo promover políticas que melhorem o bem-estar econômico e social das pessoas ao redor do mundo. No campo da educação, é responsável pela coordenação do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), que mede o desempenho de alunos em áreas como leitura, matemática, ciências e educação financeira.

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