segunda-feira, 12 de agosto de 2024

 











Carteira Fundamentalista - Sala Benjamin Graham

por: Daiana Aguiar

A principal meta da equipe da Sala Benjamin Graham é conduzir uma análise fundamentalista das empresas listadas na B3, realizando estudos e monitoramento detalhados e realizando avaliações semanais alinhadas aos princípios do 'Investidor Inteligente'. Além disso, a equipe visa analisar a relação entre as notícias relacionadas às empresas e ao setor em comparação com o desempenho dos ativos e as flutuações no volume de negociações. Outro objetivo do monitoramento é comparar as rentabilidades dos diferentes setores com o benchmark (Ibovespa). Essa análise é segmentada em cinco setores distintos: Energia, Imobiliário, Transporte/Telecom, Básico e Consumo. 


SETOR DE ENERGIA

O Setor de Energia performou em 0,60% na semana 32, apresentou uma discreta queda ao comparar com o rendimento de 0,78% na semana 31. A maioria das ações do setor apresentaram desempenho positivo, exceto a CPFL (CPFE3) com -0,81%, Copel (CPLE6) com -0,40%, Eletrobras com -0,16% e a Isa Cteep (TRPL4) com rendimento de -1,55%. Nesta semana as empresas das cinco selecionadas pela equipe responsável do setor de energia obtiveram os seguintes resultados: Trams Paulista (TRPL4) com -1,55%, Cemig (CMIG4) com 0,19%, Engie (EGIE3) com 1,79%, Taesa (TAEE11) com 1,41% e CPFL Energia (CPFE3) com -0,81%.  As notícias relevantes desta semana, são:

Eneva - recentemente demonstrou interesse em realizar um follow-on (meio para conseguir ter acesso a capital), para isso Eneva pretende fechar a compra de seis termelétricas controladas pelo banco BTG até dezembro. O negócio já foi sacramentado por cerca de 3 bilhões de reais, mas ainda depende de averiguações finais e de autorização do Cade. Com as aquisições, a Eneva espera agregar mais 2,5 bilhões de reais de receita anual, a operação deve permitir a emissão de novas ações.

Engie - a empresa apresentou alta refletida pela divulgação dos seus bons resultados e distribuição de dividendos valor será de R$932.806.525,46. O valor é correspondente a R$1,14324649075 por ação. Os acionistas que tiverem ativos no fim do pregão de 21 de agosto de 2024 terão direito ao provento. A companhia apresentou um aumento de 18,93% nos lucros líquidos do 2T24.

Isa Cteep - apresentou mais uma semana de desvalorização com o excesso de ações ofertadas ao mercado que estavam nas mãos da Eletrobras.

No acumulado anual, as cinco empresas selecionadas pela equipe responsável do setor, seguindo os princípios do "Investidor Inteligente" de Benjamin Graham, apresentam os seguintes desempenhos: TRPL4 (-8,75%), CMIG4 (21,18%), EGIE3 (-0,95%), TAEE11 (-8,36%) e CPFE3 (-14,54%).

No recorte anual, podemos citar o começo desacelerado do setor, algumas empresas específicas sofreram com especulações de queda dos dividendos, a Taesa e a Isa Cteep, os rumores da Taesa foram mais relevantes, visto que, mudou sua política de distribuição de dividendos. Já a Isa Cteep, a leva de grandes investimentos preocupou os acionistas no começo do ano, porém, ela se recuperou e vem apresentando um bom resultado. A Cemig passou o ano de 2023 com um debate entre federalização e privatização, no ano presente, esses rumores foram cessados, e a empresa não passará a princípio por nenhuma dessas mudanças, o que tranquilizou o mercado, gerou uma grande alta. Além disso, a catástrofe que passou o estado do Rio Grande do Sul, impactou fortemente a CPFL, que está bastante presente naquela região. Com tudo isto, ainda sim, por se tratar de um setor perene e que detêm a confiança dos investidores, o qual é procurado no momento de oscilação da bolsa, está com bons resultados comparado aos demais setores.



SETOR IMOBILIÁRIO


O Setor Imobiliário teve um rendimento semanal de 2,43%, um desempenho melhor do que na semana passada, com -0,39%. A maioria das companhias do setor apresentaram retorno positivo, exceto a Eztec (EZTC3) com -1,51%, situação diferente das últimas 3 semanas onde a maioria das empresas apresentaram resultado negativo. Analisando as cinco empresas escolhidas pela equipe responsável do setor imobiliário, nota-se os seguintes desempenhos semanais: Cyrela (CYRE3) com 3,46%, Allos (ALOS3) com 2,42%, CCR (CCRO3) com 3,07%, Multiplan (MULT3) com 3,39% e EZTEC (EZTC3) com -1,51%.  Nas notícias relevantes desta semana, temos: 

Cyrela - registrou um aumento de 47% no lucro líquido do segundo trimestre, totalizando 412 milhões de reais, superando a expectativa média dos analistas de 332 milhões de reais. A receita líquida cresceu 14% ano a ano, alcançando 1,86 bilhão de reais, também acima das previsões de 1,71 bilhão. A margem bruta subiu 0,6 ponto porcentual, para 32,9%. Apesar da queda de 6% nas vendas e de 59% no valor geral de vendas dos lançamentos, a empresa se mantém confiante para o segundo semestre, destacando o desempenho robusto das vendas e o sucesso dos lançamentos realizados. No entanto, houve uma queima de 61 milhões de reais em caixa, comparado à geração de 22 milhões no ano anterior, e o endividamento sobre patrimônio líquido ajustado aumentou de 5,9% para 9,1%, segundo a revista eletrônica Reuters. 

A empresa também está enfrentando alta nos custos de construção, com aumento superior ao Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o que preocupa a liderança da empresa. No entanto, o CFO Miguel Mickelberg afirmou que esses custos não devem impactar as margens futuras, que devem se manter entre 33% e 34%. Durante uma teleconferência com analistas, Mickelberg destacou que a escassez de mão de obra em São Paulo é um desafio significativo, mas que a empresa continua focada em gerenciar esses custos. Apesar de um consumo de caixa de 61 milhões de reais no segundo trimestre, a expectativa é de um fluxo de caixa neutro ou geração de até 200 milhões de reais em 2024. No primeiro semestre de 2024, a Cyrela gerou 69 milhões de reais em caixa, uma melhora em comparação ao consumo de 13 milhões no mesmo período de 2023. Mickelberg também mencionou que a dinâmica para 2025 deve ser, provavelmente, mais favorável.

Em relação ao rendimento anual, todas estão com desempenho negativo. Entretanto a MRV (MRVE3) e a Ez Tec se destacam respectivamente, -38,82% e -26,79%.




SETOR DE TRANSPORTE E TELECOM



O Setor de Transporte e Telecom apresentou resultado semanal positivo de 1,10%, na semana passada obteve 0,66%. Todas as empresas do setor obtiveram retorno semanal positivo, exceto a Weg (WEGE3) com -0,26%, Azul (AZUL4) com -3,65%, Vamos (VAMO3) com -7,66% e Tim (TIMS3) com -2,09%. Das cinco empresas escolhidas pela equipe responsável do setor, estas apresentam os seguintes retornos semanais: RUMO (RAIL3) com 1,75%, Vivo (VIVT3) com 0,82%, Totvs (TOTS3) com 3,37%, Weg (WEGE3) com -0,26% e a Localiza (RENT3) com 7,52%. Nas notícias relevantes desta semana, temos: 

WEG - fornece turbina a vapor de contrapressão para África do Sul, que aumentará a capacidade de geração de energia da planta de Sappi Saiccor. Houve também o lançamento dos hidrogeradores da linha SH30 foram projetados para aprimorar a geração de energia hidrelétrica. São aplicados a turbinas Kaplan, Francis, Pelton, com diversas possibilidades de configurações mecânicas e elétricas. Contam com uma estrutura compacta e robusta, permitindo que o hidro gerador opere de modo seguro em condições típicas de rejeição de carga e altas rotações de disparo, possibilitando, ao mesmo tempo, operar com valores de inércia elevados. 

AZUL - a empresa triplica a oferta de assentos entre Fortaleza e quatro destinos no interior do Ceará. Azul Conecta terá compartilhamento de aeronaves por cotas e fretamentos por troca de pontos do Azul Fidelidade, os interessados poderão voar e ter seu avião à disposição, sem se preocupar com a contratação e escolha de piloto

EMBRAER - assina um contrato de crédito sindicalizado de US$ 1 bilhão, com duração de cinco anos. A LATAM vê na Embraer uma alternativa para a sua frota, mas a Airbus também está no páreo.

No acumulado anual até a semana 32, as cinco empresas escolhidas pela apresentam os seguintes desempenhos: RAIL3 (3,79%), VIVT3 (-5,52%), TOTS3 (-15,26%), WEGE3 (34,62%) e RENT3 (-23,63%). Até a presente semana, apenas a Weg e Embraer apresentaram retorno positivo no ano.



SETOR BÁSICO


O Setor Básico fechou a semana com um desempenho favorável, registrando um desempenho de 3,19%, após as duas últimas semanas apresentarem resultados negativos.. As companhias do setor apresentaram retorno predominantemente positivo, exceto a Gerdau (GOAU4) com -0,10%, Klabin (KLBN11) com -3,82% e Vale (VALE3) com -3,96%. E analisando de forma mais específica as cinco empresas escolhidas pela equipe responsável do setor básico, temos os seguintes resultados: Suzano (SUZB3) com 2,83%, Vibra (VBBR3) com 6,18%, Klabin (KLBN11) com -3,82%, CSN Mineração (CMIN3) com 1,03% e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) com -0,10%.

Nas notícias relevantes desta semana, temos:

Suzano - a empresa reportou um prejuízo líquido de 3,77 bilhões de reais no segundo trimestre, muito acima do esperado pelo mercado, principalmente devido ao impacto negativo da volatilidade cambial sobre sua dívida em moeda estrangeira. Contudo, o desempenho operacional foi robusto, com um Ebitda ajustado de 6,29 bilhões de reais, crescimento de 60% em relação ao ano anterior, e aumento de 25% no faturamento líquido, beneficiado pela alta nos preços da celulose. Além disso, a Suzano anunciou um programa de recompra e cancelamento de ações, sinalizando confiança na sua valorização futura. Assim, embora enfrente desafios financeiros, a empresa mostra resiliência operacional e uma estratégia que pode trazer benefícios aos acionistas a longo prazo.

Vibra -  teve um lucro líquido de 867 milhões de reais, com um crescimento de 551,9% em relação ao mesmo período do ano passado e acima das expectativas do mercado, indica um desempenho operacional robusto. Além disso, o aumento de 9,9% em relação ao trimestre anterior sugere uma tendência de crescimento contínuo. Os fatores que impulsionaram esse resultado, como os 500 milhões de reais em Juros sobre Capital Próprio (JCP) e o forte Ebitda ajustado, são sinais de uma operação bem-sucedida. A recuperação tributária e as vendas de imóveis também contribuíram para esse resultado positivo. Embora tenha havido uma queda de 2,3% no volume de vendas em relação ao ano passado, a alta de 2,6% em comparação com o trimestre anterior, especialmente em diesel e gasolina, mostra uma recuperação no mercado. A Vibra demonstrou resiliência e capacidade de adaptação em um cenário desafiador, o que pode reforçar a confiança dos investidores e trazer boas perspectivas para o futuro.

No acumulado anual até a semana 32, as companhias escolhidas pela equipe responsável pelo setor básico apresentam os seguintes resultados: Suzano (SUZB3) com -2,03%, Vibra (VBBR3) com 8,74%, Klabin (KLBN11) com 3,37%, CSN Mineração (CMIN3) com -37,29% e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) com -6,26%.



SETOR DE CONSUMO


O Setor de Consumo obteve um retorno semanal positivo de 5,77%, resultado surpreendente tendo em vista os últimos desempenhos. O setor todo apresentou a maioria dos resultados negativos, com exceção das ações da Alpargatas com -2,68% e YDUQS com -3,91%.. Analisando as ações escolhidas pelos responsáveis do setor de consumo, percebe-se que estas obtiveram os seguintes retornos semanais: SLC Agrícola (SLCE3) com 3,55%, Fleury (FLRY3) com 3,06%, Hypera (HYPE3) com 4,11%, Minerva (BEEF3) com 16,07% e Arezzo (ARZZ3) com -1,14%. Nas notícias relevantes desta semana, temos:

Casas Bahia -  apresentou lucro líquido de R$ 37 milhões no segundo trimestre de 2024 e reverteu prejuízo de R$ 492 milhões no mesmo período de 2023. Já a receita líquida da varejista caiu 13,5% e ficou em R$ 6,5 bilhões de abril a julho deste ano.

Raia - apresentou resultado neutro. Considerando positivo o crescimento das vendas – com destaque para perfumaria e genéricos que tiveram incremento de 20% e 15 % na comparação anual, respectivamente – e o crescimento de vendas mesmas lojas que foi de 9,6% a/a, 4% superior à inflação de 5,6% registrada no período.  As margens vieram estáveis e em linha com o que havíamos projetado, refletindo, no caso da margem bruta, o efeito do mix negativo em função do crescimento da 4Bio e o início da cobrança de PIS/COFINS sobre subvenções para investimentos; no caso da margem EBITDA, como resultado da expansão da margem de contribuição e da maior diluição das despesas gerais e administrativas.

SLC Agrícola -  celebrou um novo contrato de arrendamento. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 6. O novo contrato de arrendamento compreende uma área total de 14.572,26 hectares agricultáveis e desenvolvidos localizados no estado do Piaui. Essa área será anexada à fazenda Parnaguá. “A nova área entrará em operação já na safra 2024/25 e produziremos soja e futuramente algodão 1ª safra”, explicou a SLC. Ainda segundo a companhia, a área é madura e o solo possui bom nível de fertilidade. O prazo do contrato é de 15 anos, com custo de arrendamento a preço de mercado.

Fleury - registrou lucro líquido de R$ 173,6 milhões no segundo trimestre de 2024, alta de 47,5% em comparação com os R$ 117,7 milhões registrados no mesmo período de 2023. O resultado considera a combinação de negócios com o Instituto Hermes Pardini em maio do ano passado.

No acumulado anual até a semana 32, as empresas selecionadas do setor apresentaram os seguintes resultados: SLCE3 (-2,39%), FLRY3 (-12,14%), HYPE3 (-17,73%), BEEF3 (0,54%) e ARZZ3 (-13,42%). Até o momento, as companhias selecionadas apresentam predominantemente um desempenho anual negativo, exceto pela BR foods, JBS SA e Marfrig.


IBOVESPA


O Ibovespa além de fechar a semana no campo positivo (2,23%), teve performance no mês de agosto com 0,79% de alta, o resultado anual do Ibovespa foi de -4,12%, ainda registra-se a insatisfação dos investidores em bolsa com relação à performance anual, sobretudo, comparado com outras bolsa do mundo (principalmente o atual estado da economia americana) e ao preço atual do dólar (que bateu 5,75 reais na semana 31).

Vale ressaltar, no fechamento dos primeiros 6 meses de operação em bolsa, os resultados obtidos pela carteira da Sala de Ações de 2024. A estratégia "Benjamin Graham", em seu modelo tradicional, apresentou performance de 2,46% no primeiro semestre. Lembrando que os critérios de escolha das ações que representa a TOP5 partiu-se das empresas listadas no ibovespa de primeiro quadriênio (jan-abr) e cotada a partir de 28.12.2023. Assim, o exercício de escolha dos ativos, puramente acadêmicos, seguiu o processo de diversificação (2 empresas para cada setor destacado na sala de ações) e depois, o filtro de 5 empresas, ou seja, a carteira TOP5. Salienta-se também, o resultado dos títulos com rendimento CDI no ano de 2026, ou seja, 10,40%.


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