terça-feira, 25 de agosto de 2020

 O relatório Focus, elaborado a partir de uma pesquisa de expectativas com cerca de 120 profissionais do Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) provenientes de bancos, corretoras e outras instituições financeiras, apresenta o levantamento das expectativas do mercado apresentando as previsões para os índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. A análise da sala de ações é centrada em sete indicadores: PIB, IPCA, IGP-M, Meta da taxa Selic, Dívida Líquida do Setor Público, Balança Comercial e a Taxa de Câmbio. Com a proximidade do fim do ano, as expectativas dos agentes tendem a se manterem estáveis

A expectativa mediana para o Índice de Preços ao consumidor Amplo (IPCA) se elevou de 1,63% para 1,67% comparativamente ao relatório da semana anterior. Considerado o índice oficial da inflação no Brasil, o índice, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mede a variação de preços de mercado para o consumidor final, captando a inflação para famílias com renda média mensal entre 1 e 40 salários mínimos.

Calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),  o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) reflete a inflação sob a ótica da oferta. Isto porque este indicador capta variações nos preços de atacado, preços ao consumidor e preços da construção civil (com pesos respectivos de, 60%, 30% e 10%). A expectativa para o IGP-M em 2020 elevou-se de 8,76% para 8,94%, renovando o maior patamar  registrado no ano.

O crescimento da economia é medido pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde à soma de todos os bens produzidos pelo país no intervalo de um ano. A expectativa de crescimento do PIB brasileiro em 2020 elevou-se de -5,62% para -5,52%, a sexta alta consecutiva no indicador e a melhor expectativa mediana de crescimento em mais de 3 meses. 

A taxa Selic, considerada a taxa de juros básica da economia brasileira, é utilizada no mercado interbancário para financiamento de operações com duração diária, servindo também de referência para as demais taxas de juros da economia.  A expectativa dos analistas de mercado, permaneceu estável, indicando que a Selic deve encerrar o ano em 2,00%, o patamar mais baixo de toda série histórica iniciada em 1996.

Impactada pela taxa de câmbio, a balança comercial é expressão do saldo das exportações subtraídas as importações realizadas pelo país. Os analistas de mercado mantiveram a projeção do saldo da balança comercial estável pela terceira semana consecutiva, em US$ 55,00 bilhões. A expectativa da taxa de câmbio real/dólar para o fim do ano permaneceu estável em R$ 5,20.

Apesar de uma piora na projeção do resultado primário (soma de todas as receitas descontadas as despesas do governo, excetuando o pagamento de juros) de -11,66% para -11,73% do PIB, a projeção dos analistas de mercado para a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) reduziu 0,25 pontos percentuais, devendo encerrar 2020 em 67,50% do PIB. A queda na DLSP pode ser explicada pela melhora nas expectativas do déficit nominal (resultado fiscal do governo quando são considerados os pagamentos de juros). Essa melhora é fruto de uma diminuição no pagamento de juros ocasionada pela queda da Selic. A previsão do resultado nominal aumentou em 0,25 p.p., devendo ser da ordem de -15% do PIB em 2020.

Luiz Fernando Oliveira do Nascimento
Analista Acadêmico da Sala de Ações


Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia
Coordenador do Projeto Sala de Ações UFPB













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