A Sala de Ações tem como prerrogativa semanal a discussão dos setores da bolsa de valores através do monitoramento e do estudo dos diversos ativos listados na B3, para verificar a correlação entre as notícias das empresas e do setor em relação ao desempenho dos ativos e a variação do número de negócios. O monitoramento também visa a comparação entre as rentabilidades dos setores e os benchmarks (Ibovespa, CDI). O ano de 2020 vem sendo marcado pela onda pandêmica do COVID-19, fato que afetou negativamente os mercados como um todo. Nessa semana o Ibovespa rentabilizou 2,86%, fechando acima dos 100 mil pontos, um aumento de 61,85% desde de seu período mais baixo em março de 2020.
O setor de consumo apresentou rentabilidade de -1,22% na semana, ficando acima do Ibovespa (-1,38%). No acumulado do ano o setor contínuo positivo, porém passou de 2,90% na semana passada para 0,98% nesta. Com relação aos destaques da semana, de acordo com estudo feito pelo IBGE, o segmento de artigos farmacêuticos registrou queda de 2,7% nas vendas em relação a maio, impactando negativamente a Hypera Pharma e a Raia Drogasil. Por outro lado, as vendas no varejo subíram cerca de 8% em junho, influênciando positivamente as empresas varejistas da carteira. Seguindo com as divulgações dos resultados no 2T20, a Natura e a B2W registraram prejuízo no segundo trimestre de R$ 392 milhões e de R$ 74,6 milhões respectivamente. Já a BRFoods teve uma queda de 5% no seu lucro líquido, devido principalmente ao aumento dos custos com ração para as aves. Em contrapartida, a Marfrig apresentou lucro líquido de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 1740% em comparação ao 2T19, atribuído a melhora do desempenho operacional e a politíca de aumento dos preços devido a demanda interna.
O setor básico performou melhor do que o índice de referência, com uma alta de 2,26%, enquanto o Ibovespa teve queda de -1,38%, o setor também apresenta retorno positivo anual com rentabilidade de 0,98%. Isso se deve, principalmente, ao ânimo do mercado com as empresas metalúrgicas e de papel e celulose. Referente às metalúrgicas, a demanda pelo minério de ferro na china tem elevado o preço da commodity, assim, favorecendo as empresas brasileiras desse subsetor, nas quais, são beneficiadas tanto pela alta do minério, quanto pela demanda chinesa, visto que a china é o principal destino do ferro brasileiro. O destaque da semana ficou com a Usiminas, com uma alta de 5,78%. Quanto às empresas que atuam no subsetor de papel e celulose, tanto a Klabin, quanto a Suzano, apresentou um desempenho de aproximadamente 9% na semana. Isso deve a expectativa de que o preço da celulose tenha se estabilizado e, também, devido à alta do dólar, que beneficia as duas empresas, nas quais têm grande parte da sua receita em dólar. Outras notícias importantes para o setor, foram em relação aos relatórios trimestrais das empresas publicados nos últimos dias, com destaque para a Cosan, que obteve um prejuízo de R$174,4 milhões.
O setor de energia teve queda de -4,87% em sua rentabilidade semanal, a semana tambem foi marcada pela liberação de resultados do 2T20, com apenas a Taesa tendo um aumento de 42,4% em seu lucro líquido, enquanto outras companhias apresentaram recuo em seus lucros nesse período, as piores perdas da semana ficaram com ELET3 e ELET6, com desvalorizações acima de 9%, causada pela saída de Salim Mattar o que colocou em check a possibilidade de privatização da companhia. Há também a expectativa para que o novo marco do gás seja votado em breve pelo congresso. O setor também teve uma alta no número de negócios, com destaque para ações da Eletrobras pelos já citados receios do mercado.
O setor imobiliário apresentou desempenho negativo na semana, mantendo-se um dos setores mais afetados pela pandemia, com os investidores receosos devidos ao novo normal, contudo o corte na taxa de juros e possível expansão das construtoras deve ser sentidas nos próximos meses. A semana foi marcada pela divulgação dos balanços com a MRV reportando queda de 34,6 % e Cyrela reportando queda de 40,4% no lucro em comparação com o mesmo no período no ano anterior, a Iguatemi também informou que irá realizar um programa de recompra de ações com reservas de lucro de 1,3 bilhão e segundo a Credit Suisse as ações da Multiplan está “descontada”. E a CCR reverteu seu lucro em prejuízo esse período sendo bastante afetada pela diminuição no trafego nas rodovias e no transporte de passageiros nos aeroportos e na mobilidade urbana, o número de negócios essa semana ficou negativo demonstrando sinais de cautela por parte dos investidores.
O setor de transporte e telecomunicação apresentou um retorno tímido essa semana com performance de 0,12% e ainda sendo o setor de transporte aéreo o mais afetado pela pandemia, essa semana o destaque ficou para a Azul que informou ter renegociado o processo de arrendamento de suas aeronaves permitiu que a companhia tivesse um retorno de 10,73% na semana, com o Gol sendo a segunda com maior retorno após saírem noticias informando que iria liberar novos ADS na bolsa Americana, contudo essa informação foi desmentida pela companhia citando ser um procedimento padrão e que não deve ser entendido como uma nova liberação de ações. Outra noticia importante é em relação a TOTVS que entrou na disputa pela Linx que já estava em negociação com a Stone, contudo a CVM está realizando duas investigações quanto as negociações da Linx com a Stone devido a alta que essas tiveram antes do anuncio do acordo.
Analistas acadêmicos: Emerson Oliveira, Ivonaldo Ferreira, Robert Figueiredo e Vítor Martins
Coordenador: Prof. Dr. Sinézio Fernandes Maia
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